Desde quando você chegou à minha vida, a segunda gaveta do meu criado mudo é uma bagunça constante, cheia de papéis amassados e poemas de amor com manchas de café. Meu corpo é um caos com marcas de insônia e sua presença dentro de mim é inegável, enorme e tensa. Você me causa convulsões e crises de ansiedade, minha saúde abalada pelos terremotos que você provoca… Aqui estou eu novamente com minha folha em branco e minha vontade de te ter, escrevendo mais um texto pra guardar naquela gaveta que já seu espaço por direito.
Não sei o que fazer nem como tratar o monstro que alimento e mantenho escondido nas minhas profundezas. Se é tudo um mal entendido ou uma interpretação mal feita, peço socorro e me culpo por pular de cabeça em algo que nunca sequer existiu. Quando mergulho, afogo-me sem ter vontade de voltar a respirar: gosto do sufoco, do limite e da sensação de falta de controle sobre mim mesma.
A dúvida me corrói por dentro e minhas veias queimam com a realidade impactante da manhã seguinte, a coragem da madrugada esvaiu-se e o espaço deixado é rapidamente ocupado por arrependimento, culpa ou desejo. Eu deveria ter falado mais, sorrido mais, deixado tudo fluir como deveria ser. Tudo que te envolve é complicado e difícil, um tornado de emoções que circulam em seus órgãos e explodem num olhar que resume toda sua existência.
A sobriedade é cruel e minha mente me tortura por não me permitir esquecer. Sei que estou sozinha nisso tudo, ninguém conseguiria entender: nem eu mesma compreendo o efeito que sua voz causa nas borboletas adormecidas no meu estômago. Me culpo por sonhar alto demais e por pensar tudo que penso no momento em que estou deitada no escuro sozinha com meu próprio ser, sendo obrigada a encarar quem realmente sou e o que realmente sinto, a admitir o que já sei.
Sento-me ao lado da verdade escancarada sem ter coragem de olhar diretamente para ela. Sou covarde, intensa, dramática e constantemente me canso de ser quem sou. Tudo o que posso fazer no meio disso é esperar que seja uma maré ruim, uma leva de ondas desfavoráveis que uma hora ou outra encontrarão o caminho de volta ao mar enquanto eu tento achar minha própria estrada.
Sem palavras…. arrepiada com esse texto!
Denso. Fiquei pensativo por um certo tempo depois de ler.
Sofia, volte, por favor, a nos presentear com suas palavras…